A
DECADÊNCIA HUMANA E A PRESENÇA DE DEUS
Quando leio a
carta de Paulo aos Romanos, percebo que há muita semelhança, em especial no
capítulo primeiro, com o que Freud escreveu no seu livro “O Mal Estar na
Civilização”. Tanto Paulo quanto Freud, em momentos distintos, fizeram a
leitura do cenário de suas épocas e perceberam o quanto o ser humano usa de sua
sabedoria para sua própria degradação. Que ser humano é esse? É o mesmo de
hoje. Esse que caminha para o seu precipício existencial.
O
caminho traçado pelo homem, por estar entregue a si mesmo, foi como uma
avalanche de destruição e malefícios, e não precisamos ir muito distante para
perceber isso: a destruição provocada pela mineradora Samarco que o diga. E
todas as vezes que acontece algo de devastador na história humana, Deus entra em
questão. Deus entra e sai da História (essa feita pelos homens) sempre como um
algoz ou insensível, por não cuidar das pessoas prejudicadas. Noutros casos,
Ele entra como um Bom recompensador daqueles que estão atrás de Seus benefícios
materiais. E aí, para quem conhece Deus a partir da visão do outro, fica
difícil entender como pode ser tão ambíguo em certos momentos. E como Paulo bem
afirmou já no seu tempo: “amantes de si mesmos”
Se perguntasse onde estão os amantes de si
mesmos, diria que estão em todas as partes, em todos os lugares, até mesmo nos
templos cultuando-se. E o pior: o que no texto bíblico está na conta deles –
eles colocam na conta de Deus. Se ler Freud e Paulo... Os dois são categóricos em dizer na conta quem
estão as tragédias, mas a leitura alienante de hoje transfere pra Deus o mal
estar da civilização. Logo, a sabedoria
humana tornou-se uma boa fonte de alienação e de manipulação de informações
sobre o homem e sobre Deus. Diante disso, fica fácil colocar Deus no banco dos
réus e salvar o homem de toda a injustiça.
E
se alguém desejasse encontrar Deus nesse mundo louco? Paulo dá uma dica tão primata:
“Pois desde a criação do mundo os atributos
invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos
claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas [...]” (Romanos
1:20)
O
próprio Jesus responde essa pergunta a uma mulher que procurava Deus através da
religião:
“Deus é espírito, e é necessário que os seus
adoradores o adorem em espírito e em verdade". (João 4:24)
As
Escrituras reafirmam tudo o que foi dito acima por outros personagens que
entenderam o sentido do Evangelho e a manifestação graciosa de Deus entre os
homens – Jesus:
"Todavia, o Altíssimo não habita em casas feitas por homens. Como diz o
profeta:
‘O céu é o meu trono, e a terra, o estrado
dos meus pés. Que espécie de casa vocês me edificarão? diz o Senhor, ou onde
seria meu lugar de descanso?” (Atos 7:48,49)
"O Deus que fez o mundo e tudo o que
nele há é o Senhor do céu e da terra, e não
habita em santuários feitos por mãos humanas.” (Atos 17:24)
Portanto, fica muito claro (pelo menos para mim), que tanto o ateu como o homem inspirado por Deus, dizem a mesma coisa sobre o homem - sendo que um nega a Deus e outro diz que Deus os entregou a si mesmo - tornando o ser humano refém de si próprio, tanto na sabedoria humana para o bem, como para o mal.... E para quem busca a Deus com sinceridade, fica a dica das Escrituras e de pessoas que estavam lutando contra o sistema religioso de sua época, e aqui em especial três: Jesus, Estevão e Paulo.
Deus poderia estar nos templos? Sim, mas não
está refém do lugar. Lá não é a sua habitação de fato. O lugar é o que menos importa,
pois DEUS está onde tem VERDADE - de alma, de vida e de atitude. Porém, Suas
manifestações são exaladas onde existem pessoas que façam o bem sem olhar a quem, e por tudo que é criado por Ele, não está
restrito a algo, lugar, livros... Ele é, e sendo, está invisivelmente visível em todo lugar, em todas raças, tribos e
nações.... E se alguém quiser tocá-lo, deixe-se ser tocado por gente, pois é
quando a Palavra torna-se carne, que Deus se torna HUMANO.