VIDA COM GRAÇA

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Equívocos na caminhada cristã


Fui criado num contexto religioso de tradição batista e, vivi desde a minha infância, influenciado e catequizado com os dogmas da mesma. Recebi toda a orientação que acreditava ser verdade absoluta e assim fui crescendo neste ambiente cristão. Tive minhas experiências de fé... Fiz a minha confissão de “aceitar” a Cristo como único e suficiente Salvador e por fim, já adulto fui para o seminário para fazer o curso de teologia.
Todo este trajeto, não mudou muita coisa em minha vida, digo isto, porque religiosamente aprendi e reproduzi a tudo que fui ensinado. Comecei então a perceber que não era um cristão e sim um fariseu dos tempos modernos de cunho batista. Depois de formado e consagrado como pastor, isto depois de alguns anos de caminhada, descobri alguns poucos pensadores do nosso meio que muito foi me ajudando a pensar diferente e a retomar o caminho da fé pelo novo e vivo caminho. É neste contexto que me deparo com alguns equívocos da caminhada cristã. Vou listar três dos muitos:
1) ACREDITAR QUE UMA VIDA BEM SUCEDIDA É FRUTO DE OBEDIÊNCIA E DEDICAÇÃO A DEUS... ASSIM COMO TODA VEZ QUE ALGUÉM ESTÁ EM DIFCULDADE É FRUTO DE PECADO. Nossa! Eu vi e vivi essa fala várias vezes e como uma fórmula matemática ou como uma equação para uma vida bem sucedida e próspera tentava aplicá-la do jeito e maneira que ouvia, tentando fazer da vida uma fórmula cartesiana... Puro engodo! Olhei para a vida de Jó e descobri, juntamente com o livro O ENIGMA DA GRAÇA, esta loucura que acabava cometendo por não pensar, ou por não questionar, já que tudo o que lia, lia de uma maneira religiosa pré concebida e instintivamente já tinha o teor do texto. Quando olhei de uma forma mais clara e real, percebi no texto do livro de Jó que minha teologia era a dos amigos de Jó. Nossa que susto tomei! Fui aos poucos percebendo um grande equívoco, sem saber se era consciente ou inconsciente e, então li o texto de Mateus 11 e vi ali João Batista preso e com dúvida sobre o Cristo e, imaginei: Nossa! Mas João estava cumprindo uma missão e agora está preso? Como pode alguém que é obediente passar por isto? E mais, vai morrer de uma forma nada convencional para um servo de Deus. Não lembro de ver no texto de Jó e nem mesmo no relato de Mateus, que tanto um quanto o outro estavam naquelas situações por pecado... Mero equívoco teológico e de caminhada...
2) ACREDITAR QUE A FÉ EM CRISTO NUNCA DEVE SER ABALADA. Pensar assim me fez ser um fariseu de carteirinha. E o pior... Vi que a fé de João Batista foi abalada no momento de solidão na prisão, pois ele pede aos seus discípulos para perguntar a Jesus o seguinte: "És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?" Mas, João logo você que categoricamente afirmou que Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo? Pude perceber então que a fé em Cristo pode ser abalada quando as coisas não vão bem...
3) ACREDITAR QUE SEMPRE ENCONTRARÁ RESPOSTAS SATISFATÓRIAS NA CAMINHADA CRISTÃ. É imagina que aprendi que Deus tem três respostas para a oração: sim, não e espere... Mas, além de perceber um conteúdo muito mais complexo do que este simplista, descobri que nem sempre as respostas na caminhada cristã são satisfatórias para o momento. Podem até ser relevante com o passar do tempo. Ser consoladora, mas satisfatória... Percebi isto quando Jesus responde aos discípulos de João. A meu ver, João queria um conforto concreto ou até mesmo um socorro, mas não, Jesus fala para os discípulos irem e dizer à João que os cegos estão enxergando... Os paralíticos estão andando... O que João não estava presenciando outras estavam. Não vi resposta satisfatória também no relato de Paulo quando clamava para ser retirado dele o espinho na carne, que era um mensageiro de satanás esbofeteando-o... Não consigo nem imaginar a cena! Acredito que Paulo queria que o espinho fosse retirado. Portanto não é isso que o texto declara, então o apóstolo teve que entender e aprender que a Graça de Cristo é o que basta.

Com isso, aprendi que a caminhada cristã é uma jornada mirada e guiada pelo Nosso Salvador, Jesus Cristo, onde ele já fez o percurso e agora devemos segui-lo. Ele foi desbravando na nossa frente, enfrentou as tentações, enfrentou a solidão, abandono, sofrimento... E até a morte. Será que não vamos passar por isto? Claro que sim. Porque a nossa caminhada é segui-lo.
A caminhada é uma jornada de aprendizado, de crescimento e de contentamento através da compreensão do amor e da Graça de Deus. Aprender a contentar com a vida e com os desafios do mundo e, algumas vezes sem as respostas satisfatórias, é uma forma de amadurecer na fé. Deixar a fé infantil e a fé dos demônios. Mas, esta descoberta só vem com o tempo para alguns... Já para outros... Nem sei se vem.
A caminhada cristã é uma peregrinação de fé... Onde há obstáculos, lutas, desesperos, espinhos, abandonos, doenças e etc.. Mas que são vencidos pela fé. E aqui explico o que é vencer pela fé: é passar, suportar e até morrer, com a certeza de que Aquele que passou por esta caminhada nos deu o seu Espírito, que nos consola e faz-nos suportar o peso da caminhada, sabendo que tudo isto vai passar e que do outro lado quando estivermos para sempre com Ele... Entenderemos algumas respostas e saberemos que "as primeiras coisas são passadas" e não mais haverá choro, morte, doença, pranto e tampouco a escuridão da noite. Por isso corramos a carreira que nos foi proposta, com os olhos fixos no Autor e Consumador da nossa fé.

sábado, 2 de julho de 2011

NOSSA! COMO É DIFÍCIL VIVER!



Coisa difícil é satisfazer o ser humano. Agora, em se tratando de sobrevivência e de existência as marcas da vida são por demais um reflexo no dia-a-dia. Decisões que antes eram tomadas agora passam pelo crivo da experiência do passado, porque o medo paira ameaçando aquilo que um dia já foi ameaçado ou mesmo vitimizado. Ninguém numa consciência plena quer cometer os mesmos erros do passado, mas o que se vê é justamente o contrário. Então de uma forma invasiva e perturbadora o passado está ali, presente. As sombras do passado passam a ser fantasmas do inconsciente e, logo da vida, onde aquilo que era para ser uma lição para não se repetir, torna-se com efeito contrário: vitimiza e escraviza.
Nossa! Como é difícil viver! Como se não bastasse o passado que um dia foi ruim sendo presente, agora é só lembrança, e algumas vezes, nem lembrança, deparamo-nos com a realidade do presente, que evoca o passado com suas experiências boas e ruins para as decisões do dia-a-dia. Surge então o medo de não errar, mas como não errar? Somos humanos! A violência de querer não-errar é tão forte que acaba trazendo juízos e reflexos nos atos. E aí como fica? O jeito é usar uma máscara existencial. O jeito não é mostrar quem é e sim quem o outro quer. Mas alguém vai dizer: Eu sou autêntico! A pergunta logo vem: será? Será que em algum momento sua máscara é sacada e a superficialidade de agradar o outro não aparece? Com isso volto a repetir: Nossa! Como é difícil viver!
Vamos deixar o presente de lado... O presente é muito difícil porque é cheio de decisões momentâneas e por vezes são jogadas para o amanhã, que será presente num momento. Falar de futuro pode ser bom... Futuro... Lembra sonhos... Como é bom sonhar! É nessa hora dos sonhos que vem a lembrança de que o futuro é um caminho desconhecido de incertezas e inverdades. Porque em grande parte, ou quase sempre numa totalidade, os sonhos são concretizados, mas os obstáculos do presente para galgar os sonhos chegam ser apavorantes. E, ainda tem um agravante: os sonhos nem sempre saem como sonhamos,alguma coisa sai diferente do script mental. Nossa! Como é difícil viver!
O que resta? O que resta de verdade é o presente. Que mesmo marcado pelas sombras do passado e pela ilusão ou subjetividade do futuro, é nele que decidimos e enfrentamos as dores reais. Nele a imaginação só serve para o futuro. No presente os gritos são reais e silenciosos por vezes como o da paixão. No presente o medo é companheiro de luta ou fuga. Pode até paralisar. Não é de se admirar que o maior mestre de todos os tempos nos alertou: “Basta a cada dia seu próprio mal”. É o dia de hoje que se é vivido, porque o ontem já virou lembrança e passado e o amanhã com seus sonhos e medos ainda é incerto. Por isso, é bom cantar a música popular brasileira: É preciso saber viver e com esta ressalva: Nossa! Como é difícil viver!