VIDA COM GRAÇA

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


A EXECUTIVA BEM-SUCEDIDA ...
Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou.
Deu um gemido e apagou.
Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso Portal.

Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas.Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes: 


- Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório, porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque meu convênio médico é classe A, e isto aqui está me parecendo mais um pronto-socorro. Onde é que nós estamos? 


- No céu. 


- No céu?... 


- É. 


- Tipo assim... o céu, CÉU...! Aquele com querubins voando e coisas do gênero? 


- Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente. 


Apesar das óbvias evidências nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguém usando telefone celular, a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na curva.

Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bônus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa.

E foi aí que o interlocutor sugeriu: 


- Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico.

- É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?

- Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece. 

- Assim? (...) 

- Pois não? 


A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro.

Mas, a executiva havia feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu rapidinho: 


- Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e... 


- Executiva... Que palavra estranha. De que século você veio? 


- Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo 'executiva'? 


- Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo. 


Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização. 


- Sabe, meu caro Pedro. Se você me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para esse povo todo aí, só batendo papo e andando a toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistêmica. 


- É mesmo? 


- Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não vejo ninguém usando crachá. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê? 


- Ah, não sabemos. 


- Entendeu o meu ponto? Sem controle, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia. Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance. 


- Que interessante... 


- É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver. 


- !!!...???...!!!...???...!!! 


- Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista... Ele existe, certo? 


- Sobre todas as coisas. 


- Ótimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, me parece extremamente atrativo. 


- Incrível! 


- É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar em um Turnaround radical. 


- Impressionante! 


- Isso significa que podemos partir para a implementação? 


- Não. Significa que você terá um futuro brilhante... se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno... 


Max Gehringer
(Revista Exame)

terça-feira, 25 de outubro de 2011



Viviane Mosé

Poemas do livro Pensamento do Chão, poemas em prosa e verso.
Reproduzidos  sob autorização da autora.

quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina

sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma
  
(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)


acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim


                      e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando

terça-feira, 18 de outubro de 2011


Rir é arriscar-se a parecer louco.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Estender a mão para o outro é arriscar-se a se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor seu eu verdadeiro.
Amar é arriscar-se a não ser amado.
Expor suas idéias e sonhos ao público é arriscar-se a perder.
Viver é arriscar-se a morrer...
Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.
Tentar é arriscar-se a falhar.

Mas... é preciso correr riscos.
Porque o maior azar da vida é não arriscar nada...

Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.
Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.
Mas assim não podem aprender, sentir, crescer, mudar, amar, viver...
Acorrentadas às suas atitudes, são escravas;
Abrem mão de sua liberdade.
Só a pessoa que se arrisca é livre...

"Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.
Não se arriscar é perder a vida..."
Soren Kiekegaard

sexta-feira, 14 de outubro de 2011


A modernidade e as amplas prateleiras do mercado religioso

por Ed René Kivitz, sexta, 14 de outubro de 2011 às 15:51
O aspecto mais relevante do novo cenário religioso no Brasil revelado pelas pesquisas recentes é o surgimento de uma nova personagem: o religioso não institucionalizado, que busca uma experiência de espiritualidade não tutelada pelas hierarquias das religiões formalmente organizadas em termos de dogmas, rituais e códigos morais. Vivemos os dias da religião sob medida, montada por consciências individuais que misturam os ingredientes disponíveis nas prateleiras do mercado religioso.

O sociólogo Otto Maduro define religião como “conjunto de discursos e práticas referentes a seres superiores e anteriores ao ambiente natural e social, com os quais os fiéis desenvolvem uma relação de dependência e obrigação”. As ciências da religião sugerem que as religiões se estruturam com base em dogmas, rituais e tabus, isto é, crenças adotadas como verdades inquestionáveis, celebrações litúrgicas em homenagem e devoção às divindades, e regras de comportamente moral que acarretam benesses ou maldições. A modernidade não conseguiu acabar com a relação de dependência e obrigações, pois o ser humano é essencilamente assustado com a ideia da morte, atormentado pela sua finitude, encurvado pelo peso de uma culpa ancestral, apovarado ante o mistério da imensidão do Cosmos, e perdido em termos de sentido para a existência. Por essa razão, buscará sempre seus deuses, fabricará seus ídolos e se curvará diante disso que Rudolf Otto chamou de mysterium tremendum, a que damos o nome de Deus.

Mas a modernidade destruiu, sim, a religião como sistema de dogmas, rituais e tabus. O conceito de modernidade nos remete à segunda metade do século XVIII, com a revolução industrial – capitalismo, ciência e técnica, urbanismo, desenvolvimento ilimitado, e a revolução democrática sensível aos direitos humanos, e principalmente ao conceito de indivíduo e ao descobrimento da subjetividade, que afirma a consciência individual acima de qualquer autoridade, e liberta o indivíduo de sua dependência das instituições sociais, inclusive e principalmente religiosas.

Este ideário moderno exige dois outros aspectos da individualidade: a autonomia e a racionalidade. Autonomia – a lei em si mesmo, fala da capacidade do indivíduo agir movido e orientado por sua própria consciência, assumindo, portanto, a responsabilidade pelos seus atos. Implica todo poder normativo subordinado à consciência individual, e conseqüentemente a rejeição de todo poder arbitrário e dogmático, quer seja ele representado por um Estado ou governo, uma ideologia ou religião, ou mesmo uma divindade ou em última instância Deus. O princípio cartesiano “penso, logo existo” explica o Iluminismo como esclarecimento racional, em oposição ao dogmatismo fundamentalista e obscurantista.
O resultado desse processo é que a modernidade, apesar de avanços significativos – o pluralismo ideológico, a abrangência da educação, a superação da superstição e a emancipação da ciência, também significou racionalismo, individualismo, humanismo, e secularismo – a religião fora do espaço público e o universo vazio do divino e do sagrado. A modernidade deu origem a “ismos” tão opressivos e escravizadores das consciências e das massas quanto os “ismos” religiosos contra os quais se levantou.

A verdade é que os avanços da ciência, da técnica e da razão, que em tese deveriam construir um mundo melhor, promover a justiça e a paz, e apontar caminhos para a felicidade e a realização existencial do ser humano, de fato fizeram água. O saldo da modernidade é o rompimento com as instituições sociais religiosas e o abandono da pessoa humana à sua própria consciência e à mercê de sua liberdade. Mas ainda carregando no peito as mesmas questões que afligiam nossos antepassados. O vazio do universo implicou também um vazio de sentido (niilismo) e um vazio de critérios morais para ordenação da vida. Essa é uma das compreensões possíveis à denúncia de Fiódor Dostoiévski: “Se Deus não existe tudo é permitido”. Eis porque a experiência religiosa tutelada pelas religiões institucionalizadas se esvaziou, mas a busca pelas dimensões da espiritualidade cresce a olhos vistos.

O rebote da modernidade é a chamada pós modernidade – ou hiper-modernidade, alta modernidade, modernidade tardia, modernidade radicalizada, modernidade líquida, seja lá como quiser chamar. O tempo se encarregou de desmascarar as pretensões da razão humana e fez as vezes dos profetas e sábios místicos que sempre insistiram em afirmar que a realidade é distante e profunda, e que o universo esconde mais mistérios do que é capaz de descernir a “vã filosofia”. O mundo atual se explica mais pelo recrudescimento dos fundamentalismos religiosos do que pela ausência de religião. Em resposta ao relativismo e ao niilismo moderno, a religião ressurge na pós modernidade com uma força avassaladora.

Ainda que afetados por interesses geopolíticos e econômicos, o conflito entre Ocidente e Oriente não pode ser entendido nem terá solução sem uma clara comprensão das forças e implicações do embate entre o Cristianismo e o Islamismo como matrizes de sentido para as civilizações que sustentam. Alguns dos mais relevantes debates contemporâneos, quer sejam científicos, éticos, políticos ou econômicos são travados na arena religiosa: criacionismo versus evolucionismo como teoria a ser ensinada nas escolas, o aborto como questão moral ou de saúde pública, e os direitos civis dos homossexuais e as controvérsias ao redor das leis contra a homofobia, são exemplos recentes de conflitos entre os que acreditam na prosperidade social atrelada ao retorno aos valores religiosos da tradição judaico-cristã contra aqueles que defendem um estado laico e secular.

Assim como em muitos de seus intentos, a modernidade fracassou também em acabar com a religião. A racionalidade científica e o secularismo obviamente não conseguiram provar que Deus não existe, pois Deus não é variável epistemológica, isto é, Deus não é passível de verificação em testes de laboratório. Mas a modernidade conseguiu ainda que temporariamente desferir um duro golpe nos representantes de Deus, notadamente as instituições religiosas e seu clero. A experiência religiosa já não se resume à obediência cega aos dogmas e à hierarquia institucional. A sociedade moderna não abandonou Deus, mas colocou seus intérpretes e seus representantes coletivos sub judice. Deixou de lado as tradições e seus necessários hábitos, costumes e crenças. E partiu para uma viagem pessoal e particular rumo à religião privatizada e a uma experiência de fé à la carte.

As massas decepcionadas com a modernidade e suas promessas voltam a correr para as categorias do sagrado, do transcendente, e do divino. Nos países do chamado terceiro mundo a religião nunca saiu de moda. Conceitos como modernidade e pós modernidade passam longe dos dilemas de quem vive na pobreza e na miséria extrema. Os resultados das últimas pesquisas a respeito do cenário religioso no Brasil indicam que com sua mensagem que enfatiza o poder do Espírito Santo e a interferência de Deus no cotidiano das pessoas, as igrejas evangélicas crescem sem parar. Motivados pela busca de solução para seus problemas pessoais e dificuldades de inserção na sociedade, as massas se convertem à esperança prometida pela religião. As pessoas trocam de religião ou de credo em virtude de questões como desemprego, doenças na família, problemas conjugais, perdas significativas e sofrimento intenso, e também e principalmente a solidão e a necessidade de sentido existencial. Quem não tem para onde correr, corre para Deus. Os que sabem disso e não têm escrúpulos em se aproveitar da fragilidade de quem sofre são protagonistas de um processo nefasto que mantém acesa a fogueira da religião entendida no pior de seus sentidos.

O atual retrato da fé permite a afirmação de que, se é verdade que as instituições religiosas estão abaladas, Deus continua vivo como sempre, e adorado – ou idolatrado – como nunca.

© 2011 Ed René Kivitz

segunda-feira, 26 de setembro de 2011


TIPOS DE PECADO:
a) Há o pecado onde se peca por omissão (Mt:  25: 41>46). E quem é que não deixa de
fazer o bem? Você nunca deixa de fazer o bem? Pelo amor de Deus seja honesto! Leia Isaías
58.6>10 e me diga se você faz tudo aquilo que Deus diz que espera que você não deixe de
fazer.
b) Há o pecado onde se peca por motivação. Neste ponto aparecem todas aquelas
coisas que “brotam de dentro do coração e contaminam o homem: maus desígnios (você
nunca pensa mal de ninguém?), a prostituição (nunca passam pensamentos impuros na sua
mente? Ou será que nem de “brincadeira” você nunca sentiu “inveja” dos tempos bíblicos nos
quais não era um problema “Moral” um homem ter mais de uma mulher?), os furtos (e aqui
nós vamos do furto clássico até o furto de mensagens: eu falo de furtos como aqueles que até
os melhores pastores praticam quando roubam sermão dos outros sem citar a fontee, quando
pregam idéias de outros sem mencionar onde as ouviram e induzem o povo a pensar que eles
“descobriram” tal coisa), os homicídios (que é o sentimento que alguns vão ter em relação a
mim e a este livro, apenas porque estou tirando as roupas de suas hipocrisias em público
c) Há os pecados que se peca por comissão. Ora, tais pecados são tão violentamente
fortes e profundos que Isaías sabia que ninguém escapa deles: são os pecados que se peca por
se fazer parte da engrenagem da injustiça no mundo: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou
homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos
viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Is. 6.5)
d) Há os pecados que se peca por ação. Aqui neste ponto, a Bíblia é tão farta que eu
me sinto no direito de não precisar justificar a minha afirmação. O que se precisa é apenas
“esticar” a noção de tal pecado.
e) Há pecados que se peca com a língua. Quando se chega a esta dimensão do pecado
aí então é que ninguém fica de pé. Eu jamais conheci uma única pessoa que não tenha pecado
e que, eventualmente, não peque com a língua.
É um “comentário piedoso” aqui, é uma “afirmação precipitada” ali; é um “juízo de
valores” a respeito de alguém a quem não se conhece e a quem se atribui coisas que jamais
passaram pela cabeça de tal pessoa, etc. (Tg.3.1>12; 4.1>12).
f) Há o pecado essencial. Ora, é deste pecado que Paulo fala em Romanos 7:7>25. Eu
sei que, hoje em dia, há muita gente tentando negar que tal pecado fosse algo presente na vida
de Paulo. Eles dizem que Paulo se referia ali ao período anterior à sua conversão. No entanto,
os que assim fazem, violentam todos os tempos verbais do texto: Paulo fala do passado do
verso 7 ao 13. No verso 14 ele diz: “a Lei é boa, eu, todavia, sou carnal”.

FALANDO DE DEUS SEM NEXO: maneira única...



Deus. Este é o tema. Este é o assunto. Deus tema. Deus assunto. Deus criado. Deus pensado. Deus explicado. Deus teologizado. Deus filosofado. Deus objeto. Deus de estudo. Deus de discussão. Deus de letras. Deus de palavras. Deus de idéias. Deus segundo o homem. Deus conforme a nossa imagem. Deus de acordo com os tempos. Deus segundo as Eras. Deus de escritores. Deus de doutores. Deus de divinos mestres em divindade. Deus ensinado. Deus aprendido. Deus exposto em frases. Deus divido em atributos. Deus feito uno pelo fragmentado homo-sistematikus. Deus livre... Deus preso a si mesmo. Deus? Deus! Deus?! Deus fora... Deus nas idéias. Deus na cabeça. Deus na mesa de cirurgia de idéias. Cirurgiões de Deus. Deus cadáver. Deus de ontem. Deus da saudade. Deus da tristeza. Deus da vida oca. Deus da depressão. Deus do pânico. Deus do medo. Deus da culpa. Deus das liberdades... Deus do não. Deus do sim. Deus do quem sabe. Deus do arrependimento. Arrependimento que é mais que Deus. Deus que é mais que arrependimento. Arrependimento que é do homem. Arrependimento que é de Deus. Arrependimento que é de Deus e do homem. Homem livre. Homem escravo. Deus do homem. Livre segundo o homem. Impedido conforme o Pensamento. Deus que não é visto no que de Deus se pode conhecer... Deus que não é visto onde disse Ser. Deus sem Deus. Deus sem Mistério. Deus sem Palavra. Deus manco. Deus ajudado. Deus sem voz. Deus falado. Deus em perigo. Deus salvo por teologia. Deus indegustável. Deus cozido. Deus temperado. Deus servido em bandejas de pensamentos. Deus no tempo. Deus antes. Deus depois. Deus no passado. Deus no presente. Deus no futuro. Deus segundo o homem e o tempo. Tempo no qual Deus tem que caber. Tempo no qual Deus tem que ser explicado. Tempo no qual o Deus segundo o homem existe. Deus comparado. Deus perdido em disputas. Deus ganho em querelas.

Deus assim... Deus me livre!

Todo perdido como nós, que falamos, mas não queremos de fato conhecer; que discursamos, mas não provamos; que buscamos sem a ânsia do achar; que não é crido no que declara de Si mesmo; e que tem que ser objeto de nossa especulação que apenas adia o dia de nossa conversão ao Mistério e à Sua Graça. No Mistério encontramos o Conhecer que é. Em Sua Graça somos.

Mas quem é suficiente para estas coisas?

Se não é suficiente nem mesmo para o que recebe e não discerne, como o será para entender ou explicar Aquele que é Mistério?

Nascer de novo faz a gente entrar e ver o reino de Deus.

Mas quem entrou e viu desistiu de explicar. É Mistério. É Graça. É irreferível!

Assim, Ele diz: “O meu justo viverá pela fé”.
Caio Fábio

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Saias evangélicas ou mentes evangélicas Bráulia Ribeiro


Estava lendo a VEJA outro dia e descobri que existem fábricas de confecção especializadas em roupas evangélicas. A revista mostrava várias fotos de uma modelo elegante vestida de evangélica. As roupas até que nem eram feias, nem a reportagem claramente pejorativa. Parecia uma matéria factual, sem tendências, que se atinha a mostrar este setor especializado como a descoberta de um novo nicho de mercado…

Uma coisa destas numa revista de circulação nacional deve nos fazer parar para pensar. Resta saber que ferramentas mentais vou usar para pensar. Afinal de contas, pensar não é fácil e definitivamente temos aprender como. Posso pensar com minha mente carnal, com minha crente brasileira, com mente cristã, e mais umas tantas outras, mas vamos focalizar nestas três no momento.

A mente carnal gosta de sucesso, fama, projeção… “-Puxa que bom, estamos na VEJA, isto é sinal que dentro em pouco, quem sabe entraremos em grande estilo nas novelas da Globo, protagonizando romances do tipo dos que acontecem na vida real “evangélica”, fora ou dentro do casamento, não importa, desde que seja da vontade de Deus…” (nesta hora a mente carnal sabiamente substitui a vontade humana pela de Deus, mas tudo bem, já sabemos que ela é carnal mesmo, e sua especialidade é usar subterfúgios religiosos para nos enganar). Já estamos na Caras também, o que combina com a pregação de prosperidade que temos nas nossas igrejas, que benção dentro em breve conquistaremos todos os ricos e famosos do Brasil e nossa renda aumentará em muito..”. E por aí a mente carnal iria, neste território, se felicitando pelo feito, pensando em novos mercados para os crentes, água mole em pedra dura, tanto batemos com nosso estilo evangélico de ser, que finalmente conquistamos espaço…

A mente crente brasileira mais genérica se aproxima um pouco da carnal, infelizmente: “-Ah, bom, estamos na veja sinal de que a sociedade está nos respeitando, e olha só estamos “discipulando” o Brasil numa das coisas que ele mais precisa, na bandalheira são as roupas das mulheres, e com esta conquista de mercado, quem sabe conseguiremos tornar as brasileiras menos sensuais, abaixo a imoralidade, vamos orar contra, e fazer um culto de adoração, porque vestimos o bumbum do Brasil.” É, esta me parece ser a reflexão da mente crente mais comum mas pode ser que hajam algumas variações aqui e ali. Pode haver um grupo que vai se envergonhar, e neste grupo estão os crentes “modernos” que tem como prática cristã o não ter ética no vestir. Mas mostramos o tempo todo que queremos ganhar a moralidade na marra, pensamos que com “nãos-nãos, sai-sais, e quebra-quebras”, vamos mudar as pessoas. Pensamos em moral como algo externo, estabelecemos com mais facilidade o que é a prática cristã do que o que é a ética cristã.

Agora vem a dificuldade. Deveria colocar aqui o que pensaria o que considero ser a mente cristã ao ver aquela notícia na Veja. Mas para meu horror, e espero que te cause o mesmo horror que a mim, verifico que não é fácil pensar com uma mente cristã. Parece que tal coisa a mente puramente cristã, desprovida de religiosidade e vícios culturais, a mente não secularizada, não influenciada pela visão de mundo pós-moderna, não embotada por anos de religiosidade alienante, não existe… Tenho que concordar com o autor Harry Blamires[1] que escreveu um livro para dizer que no mundo atual não existe um pensamento cristão, ou uma mente cristã. Existe a ética cristã, a prática cristã, a espiritualidade cristã. Mas do pensamento cristão, nós crentes estamos longe. O pensamento cristão pensa tendo como referência a Bíblia e a revelação da pessoa de Deus sobre tudo o que existe. Para o pensamento verdadeiramente cristão, não há diferença entre secular e sagrado, religioso e profano. O pensamento cristão não deveria se ocupar apenas do que é religioso e diz respeito à igreja, porquê Deus não criou apenas a igreja, ele primeiramente criou o mundo inteiro.

Tudo o que nos rodeia deveria ser revisto pela ótica divina. Todas as idéias nos interessam as tendências, as sociedades, as sub-culturas. A mente cristã a todos ouve e não se fecha dogmaticamente diante de rótulos. Muitas vezes concebemos um Deus religioso olhando para este mundo, e colocando pessoas em caixas. Este Deus olha e vê uma mulher gritando. Ela foi oprimida por uma cultura machista e repressora, vítima de violência física e abusos de todo tipo. Seu grito que corta o ar é: - “Abaixo a violência contra a mulher!!” Deus olha, franze o cenho e diz: –“ Hum… ela é apenas mais uma feminista. Vá obedecer os homens, muié sem vergonha!!”

Na esquina tem outro grupo. Desta vez são sem-terra honestos, precisando de terra e de pão. Deus se lembra de ter ouvido este clamor antes, nas obras de Portinari dos homens com mãos grandes, no romance de Graciliano Ramos, quando a migração se dá no inverso, no lirismo da música do Chico Buarque:

“Zanza daquiZanza pra acolá Fim de feira, periferia afora A cidade não mora mais em mim Francisco, Serafim Vamos embora[2]

Mas Ele finge não saber de nada disto porque são coisas “do mundo” e rapidamente se recupera daquele momento de compaixão, lembrando-se de que é um religioso, o próprio Deus afinal de contas, e de que não deve se misturar com estas coisas de políticas humanas, afinal no que Lhe interessa são as almas e faz um muxoxo, dizendo com reprovação: “Marxistas…”

Depois, um pouco entediado consigo mesmo talvez, se volta para seus crentes e se põe a vigiar-lhes o comportamento para saber se vai recompensar-lhes ou não segundo as suas obras…

Felizmente esta é a visão que nós temos de Deus e não a visão que a Bíblia nos passa. O verdadeiro pensamento cristão integra o mundo e suas necessidades com a fé, entendendo o Deus que na Bíblia se importa sim com desigualdades sociais e faz leis e sanções á respeito, se importa com os oprimidos e miseráveis, se torna o Deus das viúvas e dos órfãos. Deus não tem medo de pensar porque ele não teme perder a fé em si mesmo, aliás ele chama os maiores pensadores do mundo para a argumentação. (A bíblia está cheia de “vinde e arrazoemo-nos, mas não traz nem uma vez uma afirmação do tipo: “-em comunicado especial Deus afirma que ele existe sim, e que não devemos duvidar de sua existência.”) Não nada disto, Deus não se preocupa em afirmar-se, apenas diz: – “o estúpido diz para si mesmo que eu não existo, e todos os homens são indesculpáveis porque os céus gritam para todo lado não só minha existência, mas minha glória…”

- Xiiii…. Peraí, vai com calma Deus não se mostre tanto assim, porque pensamos que conhecer sua existência é privilégio dos evangélicos…

Mas Deus parece nem notar que somos assim exclusivistas e vai se revelando a justos e injustos… Nem todos os seguem, é verdade, mas até bêbados, na verdade ex-bêbados como o João Ubaldo quando querem dar uma “brechadinha” nas verdades de sua revelação pessoal conseguem, afinal está tudo tão claro ali na Palavra… Quando escreveu o conto: “O Santo que não acreditava em Deus, João Ubaldo à moda do João da Bíblia entendeu que a essência de Deus é amor e não religião, e visualizou um Jesus se encarnando hoje, de repentinho, no sertão nordestino. E este Jesus se chama Salvador, e não se importa se as pessoas são religiosas ou não, mas ao andar vai conhecendo a cada um, revelando seus segredos para elas mesmas, amando os desamados e respeitando os desrespeitados, tudo isto porquê é com cordas de amor que Ele nos atrai e não com cordas de preconceito e religiosidade.

Nem o cinema ele discrimina e se revela nas mãos de diretores como Spielberg, falando contra o nazismo, o racismo, no rosto de atrizes como Fernanda Montenegro em Central do Brasil, encontrando o amor e a moral numa caminhada com um menino sem pai.

Deus é assim, um cara mais legal do que o que a gente pensa. E o pensamento cristão se existisse como Ele, Deus, existe olharia com surpresa para a tal roupa evangélica. Mas roupa evangélica? Diria a mente cristã: Cadê o amor evangélico, a redenção social evangélica, a transformação de valores evangélica? Mas a surpresa e o choque pela ausência de idéias tão essenciais não lhe impediria de continuar tentando nos ensinar a pensar.

Bibliografia

[1]“The Chrisitian Mind” – Henri Blamires (www.godlife.com)
[2]Assentamento, Chico Buarque, 1997


Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2011/08/saias-evangelicas-ou-mentes-evangelicas.html#ixzz1UkNj8pVS
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Saias evangélicas ou mentes evangélicas

Saias evangélicas ou mentes evangélicas

terça-feira, 9 de agosto de 2011

SER CHIQUE SEMPRE - GLÓRIA KALIL



Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje. A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas. Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro Italiano. O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida. Chique mesmo é ser discreto. Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras. Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio. Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuaçõe inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta. É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua. Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador. É lembrar-se do aniversário dos amigos. Chique mesmo é não se exceder jamais! Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir. Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor. É "desligar o radar", "o telefone", quando estiver numa reunião ou sentado à mesa do restaurante, prestar verdadeira atenção a sua companhia. Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios. Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite! Chique do chique é não se iludir com "trocentas" plásticas do físico... quando se pretende corrigir o caráter: não há plástica que salve grosseria, incompetência, mentira, fraude, ganância, agressão, intolerância, ateísmo...falsidade. Mas, para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos terminar da mesma maneira, mortos sem levar nada material deste mundo. Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem, que não seja correta. Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour! Porque, no final das contas, chique mesmo é Crer em Deus! Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... mas, Amor e Fé nos tornam humanos! GLÓRIA KALLIL

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Uma Conversa com o Nazareno


Por Carlos Moreira

Entrei no bar por volta das dez da noite, queria tomar uma cerveja, relaxar. Não planejava encontrar com ninguém, queria mesmo era ficar só. Pra falar a verdade, eu admitia outras presenças, mas não as pessoas que eu conhecia. Será que eu as conhecia mesmo?

Pedi ao garçom uma Bohemia. Não estava gelada, mesmo assim tomei-a rapidamente, sorvendo-a em grandes goles. Eu estava com "sede"!

Foi só depois da terceira garrafa que olhei na mesa ao lado e tive uma grande surpresa. Lá estava ele, tomando uma cerveja como eu. Esfreguei os olhos como sempre fazia quando via coisas que não deveria ver e voltei a olhar para a mesa do lado. Para o meu espanto, era mesmo ele, bem ao meu lado, num bar, Jesus de Nazaré.

Não estava usando roupas brancas e reluzentes como o pintaram os artistas renascentistas, nem muito menos tinha cabelos longos e olhos azuis, como o Cristo ariano. Antes, os seus cabelos eram curtos e crespos.


Olhei para a sua mesa e vi com espanto que ele estava na quarta cerveja enquanto eu tinha tomado apenas três. Neste exato momento, ele olhou para mim com simpatia e profundidade, ergueu o copo americano no qual bebia e propôs um brinde a distância.

Depois disso me convidou para sentar com ele a sua mesa. Não hesitei, ergui-me um pouco zonzo e num pulo só fui até onde ele estava. Ele sorriu carinhosamente e disse: “você parece um pouco triste”.

Respondi com uma avalanche de perguntas: “O que você faz aqui? Por que freqüenta este lugar? Ele é digno de você? Isto não é contra os princípios religiosos?

Ele me olhou outra vez, agora com ar inquiridor e fez uma pergunta retórica; “Por que não freqüentaria?”

“Bom, eu achei que o seu lugar fosse na igreja, nos altares, nos sermões, compondo os credos... Ele me respondeu: “Altares são prisões, sermões são meras peças oratórias, credos são fórmulas vazias, como, aliás, também são vazios os seus formuladores.

Na verdade, estou aqui porque me expulsaram dos templos, enxotaram-me de lá, construíram uma estrutura na qual não havia lugar para a verdade, por isso venho sempre aqui.

“Mas não foi você mesmo que fundou a igreja e que chamou os apóstolos? Nos evangelhos não estão escritas as suas palavras que dizem: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja? Não foi você quem disse isso?”

“Você não entendeu nada do que eu disse, nem você e nem aqueles que se dizem meus seguidores. Você não entende o que eu falo por que as suas idéias são preconcebidas. Mesmo antes de se dirigir a mim, você já tinha um arcabouço de idéias prontas na cabeça. Você procura em mim apenas a legitimidade para endossar aquilo que você já decidiu que era verdade!”

“Viu, por exemplo, como você achava que eu não poderia estar aqui neste lugar? A essa altura, depois de ter lido tantas vezes a Bíblia, e de ter freqüentado tanto a igreja, você já deveria saber que são as pessoas que fazem o lugar e não contrário”.

Dito isto ele tomou um grande gole de cerveja e continuou: “Vocês não dizem que eu sou onipresente, por que eu não estaria aqui também? Ah, já sei, estes jargões só servem para algumas situações, para outras não, não é?”

“Vocês cristãos de brincadeirinha me transformaram em um fantasma, em um ghost no melhor estilo platônico, mas quando o meu pai resolveu enviar-me para o seu planeta, a primeira coisa que fez foi tornar-me homem. A expressão “se fez carne” lhe diz alguma coisa?”


“Eu sou carne, como você. Eu não sou nada do que disseram de mim. Eu não flutuo, não pego carona em nuvem de algodão, não sou transparente como vidro... sou carne entende? Isso mesmo amigo, carne”. Disse tudo isso enquanto eu o olhava atônito.

“Minha carne, porém, não me aprisiona, como faz a sua no melhor estilo grego. Nesse particular, reconheço, sou legitimamente judeu. Para mim, o corpo é meio de vida e não instrumento de morte. Dionísio e não Apolo, entende?”

“E tem mais, a imagem que a tradição cristã preservou de mim não é nada do que eu queria. A cruz foi real e dolorosa, mas não era ela que eu queria ver associada ao meu nome.” Nessa hora, parei, respirei fundo e disse: “Me perdoe, mas você está louco”. “Não era como um moribundo desfigurado e ensangüentado num madeiro que eu queria ser conhecido pela posteridade. Gostaria de ter ficado marcado na mente de vocês de outra forma”. Ele continuava falando, e cada palavra era uma sentença, uma flecha encravada nas minhas convicções.

Neste ponto interrompi-o e perguntei: “E como você gostaria de ter sido lembrado pelos homens que vieram depois de você?” Ele sorriu e me disse: “Como mestre, como professor. Eu queria ter sido associado com alguém que ensina e não com alguém que morre violentamente. Os que morrem violentamente só suscitam horror e pena”. Eu continuava a escutá-lo, mas agora já não mais o inquiria.


“Gostaria que quando as pessoas se lembrassem de mim, a imagem que viesse a cabeça delas fosse a de alguém entre elas, misturado com os homens, instruindo-os. A grande falácia da religião foi me separar das pessoas, retratarem-me numa cruz longínqua fincada no topo de um monte sombrio”.

Depois continuou: “Pense nisso amigo, reflita sobre estas coisas. Era em um bar que eu planejava me encontrar com você, e não em um templo, embora tenha ido lá algumas vezes”. Tendo dito isto, pagou a conta, levantou-se e desapareceu pelos becos escuros da cidade enquanto os cães latiam ao vê-lo passar.

Quanto a mim, precisei de alguns minutos para me recompor de tudo quanto ouvi do nazareno. Quando voltei à razão, o copo logo a minha frente estava vazio, como se alguém tivesse acabado de bebê-lo.

sábado, 6 de agosto de 2011

EU TE AMO... NÃO DIZ TUDO! Arnaldo Jabor

EU TE AMO... NÃO DIZ TUDO!

Você sabe que é amado(a) porque lhe disseram isso?

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras.

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida,

Que zela pela sua felicidade,
Que se preocupa quando as coisas não estão dando certo,

Que se coloca a postos para ouvir suas dúvidas,
E que dá uma sacudida em você quando for preciso.

Ser amado é ver que ele(a) lembra de coisas que você contou dois anos atrás,

É ver como ele(a) fica triste quando você está triste,
E como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d'água.

Sente-se amado aquele que não vê transformada a mágoa em munição na hora da discussão.

Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro.
Aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido.

Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é,
Sem inventar um personagem para a relação,
Pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.

Sente-se amado quem não ofega, mas suspira;
Quem não levanta a voz, mas fala;
Quem não concorda, mas escuta.

Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo!

O EVANGELHO PIRATA



Vivemos num mundo da pirataria. Tudo hoje é piratiado. Tem um amigo meu que escreveu no seu MSN: Sou totalmente contra a pirataria; jamais atacaria um navio.
Claro que ele está fazendo uma piada... Mas eu pretendo, mesmo que rindo, falar de forma séria sobre o tema proposto que é O EVANGELHO PIRATA. Num mundo de pirataria sobrou também para o Evangelho a piratiação de sua essência. No mercado comum, o que é piratiado são produtos de uma qualidade muito maior e com um valor exorbitante. Sendo assim o recurso encontrado para a comercialização de tais produtos é a PIRATARIA. O que é a pirataria?
Já no mercado da fé, o produto que é piratiado também é de um valor exorbitante, o sangue de Cristo é quem pagou, mas querem piratiar, para que o sangue não seja o único valor, mas que outros valores sejam acoplados ao sacrifício vicário.
No mercado popular quando um produto é piratiado o dono do produto é lesado, não recebe nada do produto, enquanto no mercado da fé o preço do produto é lesado, o valor torna-se insignificante em relação ao que é apresentado, ou seja, o produto ganha valores de ordens pessoais e promocionais.

O que acontece no mercado da fé com o EVANGELHO?
1 – No mercado da fé o evangelho tem status secundário porque a LEI tem supremacia sobre a Graça. Nesse mercado não tem o “Ouviste o que foi dito de Jesus...”. Não tem a interpretação de Cristo sobre a Lei. E aqui quero fazer distinção entre LEI, moral e ética.
MORAL = conjunto de costumes de uma sociedade.
Ex.: No A.T. era permitido um homem ter mais de uma mulher. Era moralmente aceito. Só existia adultério quando havia uma relação de homem com uma mulher casada, porque se fosse solteira não se configurava adultério.
Outro exemplo é na África onde tem comunidades que o homem pode ter até sete mulheres.
LEI = é que normatiza um conceito e faz dele uma obrigação.
Ex.: Cinto de segurança
ÉTICA = Princípio e valores que fundamentam uma moral ou lei.
Ex.: Na ética de Moisés um judeu deveria amar o outro judeu conforme a si mesmo. Na ética de Jesus, ele muda: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros conforme eu vos amei.”
Para elucidar ainda melhor o que estou querendo dizer, trago aqui um fato histórico bem conhecido. Nos EUA, era moralmente aceito fazer piadas de negros e descriminá-los. Vem um camarada chamado Martin Luther King Jr., e diz eu sonho...

O que acontece no mercado da fé com o EVANGELHO?
2 – No mercado da fé o Espírito de Deus é um acusador. Vitimiza as pessoas com a prerrogativa de estar tratando, não é isto que diz a bíblia. E nem o evangelho.

O que acontece no mercado da fé com o EVANGELHO?
3 – No mercado da fé as pessoas vivem ainda na sombra (Col. 2:17). Estes eram preceitos apenas temporários, que terminaram quando Cristo veio. Eram apenas sombras da realidade - do próprio Cristo.

O que acontece no mercado da fé com o EVANGELHO?
4 – No mercado da fé o evangelho é escravizador (Gálatas 2:4; 5:1; Colossenses 2:20-23).
Essa questão foi levantada porque alguns falsos irmãos infiltraram-se em nosso meio para espionar a liberdade que temos em Cristo Jesus e nos reduzir à escravidão. Gálatas 2:4
Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão. Gálatas 5:1
á que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que, como se ainda pertencessem a ele, vocês se submetem a regras:
"Não manuseie!", "Não prove!", "Não toque!"?
Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos.
Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne. Colossenses 2:20-23

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Equívocos na caminhada cristã


Fui criado num contexto religioso de tradição batista e, vivi desde a minha infância, influenciado e catequizado com os dogmas da mesma. Recebi toda a orientação que acreditava ser verdade absoluta e assim fui crescendo neste ambiente cristão. Tive minhas experiências de fé... Fiz a minha confissão de “aceitar” a Cristo como único e suficiente Salvador e por fim, já adulto fui para o seminário para fazer o curso de teologia.
Todo este trajeto, não mudou muita coisa em minha vida, digo isto, porque religiosamente aprendi e reproduzi a tudo que fui ensinado. Comecei então a perceber que não era um cristão e sim um fariseu dos tempos modernos de cunho batista. Depois de formado e consagrado como pastor, isto depois de alguns anos de caminhada, descobri alguns poucos pensadores do nosso meio que muito foi me ajudando a pensar diferente e a retomar o caminho da fé pelo novo e vivo caminho. É neste contexto que me deparo com alguns equívocos da caminhada cristã. Vou listar três dos muitos:
1) ACREDITAR QUE UMA VIDA BEM SUCEDIDA É FRUTO DE OBEDIÊNCIA E DEDICAÇÃO A DEUS... ASSIM COMO TODA VEZ QUE ALGUÉM ESTÁ EM DIFCULDADE É FRUTO DE PECADO. Nossa! Eu vi e vivi essa fala várias vezes e como uma fórmula matemática ou como uma equação para uma vida bem sucedida e próspera tentava aplicá-la do jeito e maneira que ouvia, tentando fazer da vida uma fórmula cartesiana... Puro engodo! Olhei para a vida de Jó e descobri, juntamente com o livro O ENIGMA DA GRAÇA, esta loucura que acabava cometendo por não pensar, ou por não questionar, já que tudo o que lia, lia de uma maneira religiosa pré concebida e instintivamente já tinha o teor do texto. Quando olhei de uma forma mais clara e real, percebi no texto do livro de Jó que minha teologia era a dos amigos de Jó. Nossa que susto tomei! Fui aos poucos percebendo um grande equívoco, sem saber se era consciente ou inconsciente e, então li o texto de Mateus 11 e vi ali João Batista preso e com dúvida sobre o Cristo e, imaginei: Nossa! Mas João estava cumprindo uma missão e agora está preso? Como pode alguém que é obediente passar por isto? E mais, vai morrer de uma forma nada convencional para um servo de Deus. Não lembro de ver no texto de Jó e nem mesmo no relato de Mateus, que tanto um quanto o outro estavam naquelas situações por pecado... Mero equívoco teológico e de caminhada...
2) ACREDITAR QUE A FÉ EM CRISTO NUNCA DEVE SER ABALADA. Pensar assim me fez ser um fariseu de carteirinha. E o pior... Vi que a fé de João Batista foi abalada no momento de solidão na prisão, pois ele pede aos seus discípulos para perguntar a Jesus o seguinte: "És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?" Mas, João logo você que categoricamente afirmou que Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo? Pude perceber então que a fé em Cristo pode ser abalada quando as coisas não vão bem...
3) ACREDITAR QUE SEMPRE ENCONTRARÁ RESPOSTAS SATISFATÓRIAS NA CAMINHADA CRISTÃ. É imagina que aprendi que Deus tem três respostas para a oração: sim, não e espere... Mas, além de perceber um conteúdo muito mais complexo do que este simplista, descobri que nem sempre as respostas na caminhada cristã são satisfatórias para o momento. Podem até ser relevante com o passar do tempo. Ser consoladora, mas satisfatória... Percebi isto quando Jesus responde aos discípulos de João. A meu ver, João queria um conforto concreto ou até mesmo um socorro, mas não, Jesus fala para os discípulos irem e dizer à João que os cegos estão enxergando... Os paralíticos estão andando... O que João não estava presenciando outras estavam. Não vi resposta satisfatória também no relato de Paulo quando clamava para ser retirado dele o espinho na carne, que era um mensageiro de satanás esbofeteando-o... Não consigo nem imaginar a cena! Acredito que Paulo queria que o espinho fosse retirado. Portanto não é isso que o texto declara, então o apóstolo teve que entender e aprender que a Graça de Cristo é o que basta.

Com isso, aprendi que a caminhada cristã é uma jornada mirada e guiada pelo Nosso Salvador, Jesus Cristo, onde ele já fez o percurso e agora devemos segui-lo. Ele foi desbravando na nossa frente, enfrentou as tentações, enfrentou a solidão, abandono, sofrimento... E até a morte. Será que não vamos passar por isto? Claro que sim. Porque a nossa caminhada é segui-lo.
A caminhada é uma jornada de aprendizado, de crescimento e de contentamento através da compreensão do amor e da Graça de Deus. Aprender a contentar com a vida e com os desafios do mundo e, algumas vezes sem as respostas satisfatórias, é uma forma de amadurecer na fé. Deixar a fé infantil e a fé dos demônios. Mas, esta descoberta só vem com o tempo para alguns... Já para outros... Nem sei se vem.
A caminhada cristã é uma peregrinação de fé... Onde há obstáculos, lutas, desesperos, espinhos, abandonos, doenças e etc.. Mas que são vencidos pela fé. E aqui explico o que é vencer pela fé: é passar, suportar e até morrer, com a certeza de que Aquele que passou por esta caminhada nos deu o seu Espírito, que nos consola e faz-nos suportar o peso da caminhada, sabendo que tudo isto vai passar e que do outro lado quando estivermos para sempre com Ele... Entenderemos algumas respostas e saberemos que "as primeiras coisas são passadas" e não mais haverá choro, morte, doença, pranto e tampouco a escuridão da noite. Por isso corramos a carreira que nos foi proposta, com os olhos fixos no Autor e Consumador da nossa fé.

sábado, 2 de julho de 2011

NOSSA! COMO É DIFÍCIL VIVER!



Coisa difícil é satisfazer o ser humano. Agora, em se tratando de sobrevivência e de existência as marcas da vida são por demais um reflexo no dia-a-dia. Decisões que antes eram tomadas agora passam pelo crivo da experiência do passado, porque o medo paira ameaçando aquilo que um dia já foi ameaçado ou mesmo vitimizado. Ninguém numa consciência plena quer cometer os mesmos erros do passado, mas o que se vê é justamente o contrário. Então de uma forma invasiva e perturbadora o passado está ali, presente. As sombras do passado passam a ser fantasmas do inconsciente e, logo da vida, onde aquilo que era para ser uma lição para não se repetir, torna-se com efeito contrário: vitimiza e escraviza.
Nossa! Como é difícil viver! Como se não bastasse o passado que um dia foi ruim sendo presente, agora é só lembrança, e algumas vezes, nem lembrança, deparamo-nos com a realidade do presente, que evoca o passado com suas experiências boas e ruins para as decisões do dia-a-dia. Surge então o medo de não errar, mas como não errar? Somos humanos! A violência de querer não-errar é tão forte que acaba trazendo juízos e reflexos nos atos. E aí como fica? O jeito é usar uma máscara existencial. O jeito não é mostrar quem é e sim quem o outro quer. Mas alguém vai dizer: Eu sou autêntico! A pergunta logo vem: será? Será que em algum momento sua máscara é sacada e a superficialidade de agradar o outro não aparece? Com isso volto a repetir: Nossa! Como é difícil viver!
Vamos deixar o presente de lado... O presente é muito difícil porque é cheio de decisões momentâneas e por vezes são jogadas para o amanhã, que será presente num momento. Falar de futuro pode ser bom... Futuro... Lembra sonhos... Como é bom sonhar! É nessa hora dos sonhos que vem a lembrança de que o futuro é um caminho desconhecido de incertezas e inverdades. Porque em grande parte, ou quase sempre numa totalidade, os sonhos são concretizados, mas os obstáculos do presente para galgar os sonhos chegam ser apavorantes. E, ainda tem um agravante: os sonhos nem sempre saem como sonhamos,alguma coisa sai diferente do script mental. Nossa! Como é difícil viver!
O que resta? O que resta de verdade é o presente. Que mesmo marcado pelas sombras do passado e pela ilusão ou subjetividade do futuro, é nele que decidimos e enfrentamos as dores reais. Nele a imaginação só serve para o futuro. No presente os gritos são reais e silenciosos por vezes como o da paixão. No presente o medo é companheiro de luta ou fuga. Pode até paralisar. Não é de se admirar que o maior mestre de todos os tempos nos alertou: “Basta a cada dia seu próprio mal”. É o dia de hoje que se é vivido, porque o ontem já virou lembrança e passado e o amanhã com seus sonhos e medos ainda é incerto. Por isso, é bom cantar a música popular brasileira: É preciso saber viver e com esta ressalva: Nossa! Como é difícil viver!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O SENTIDO QUE SE TENTA DAR A VIDA

Eu tento ser otimista, mas quando olho para o mundo e vejo alguns desequilíbrios, fico chocado e me perguntando: O que realmente faz sentido nesta vida?
Quando a gente ama não é amado, quando é amado não ama; quando faz o bem recebe o mal; quando usa a verdade recebe a hipocrisia, algumas vezes a mentira ou a omissão; não há respeito pelos sentimentos do outro, não há preocupação com que se faz com o outro... Os discursos são egoístas e moralistas, cheio de juízo e de empáfia. As pessoas se escondem na religião para se ter uma máscara de “boazinha”, enquanto isso estão matando em nome de Deus, outros julgando, alguns condenando ao inferno, se isolando, fugindo, se abdicando de suas responsabilidades, tudo em nome de Deus. De qual deus? O deus de si mesmo.
Uma vida que aparenta não ter sentido... Uma vida vazia de existência e de esperança...
Na política a briga é por benefícios para os nobres e enforcamento para a população. Salvem-se quem puder... Nossa! Como diz o compositor: “Oh! Mundo tão desigual; tudo é tão desigual; de um lado fome total; do outro este carnaval”

Como então ter otimismo neste mundo? Bem, acredito que somente uma realidade me leva a pensar de forma centrada e solidária: o amor incondicional de Deus em Jesus. Que sendo Deus não usurpou o ser igual a Deus, mas esvaziou-se de si mesmo, tornando-se homem e sendo servo até a morte; e morte de cruz. 

A única certeza absoluta que se pode ter é a do amor de Deus por mim e pelo mundo, o resto, parece-me não fazer sentido, e o que parece, não faz como deveria fazer.
Agnaldo da Fonseca Silva

terça-feira, 21 de junho de 2011

A vida e a existência...

No decorrer da vida, três questionamentos são imprescindíveis para dar conta à existência e de seus problemas, são eles:Em que eu acredito de verdade?O que faz sentido ou vale à pena na existência?O que poderia ter feito e não fiz?
Quer num momento ou noutro respondemos a nós e ao mundo a essas questões que nos alavancam ou não para o viver, tendo consciência ou não das respostas.
Na primeira pergunta você responde aos seus pilares de crença e valores. Na segunda, você responde aos seus objetivos, diz qual é o seu foco e faz suas reflexões. Já na terceira é quando você olha para trás e vê o que conquistou ou não, se deixou legado... Se chorou mais que sorriu... Se a vida valeu... Mas feliz é aquele que mesmo diante da ultima pergunta olha para frente e resolve respondê-la antes de morrer. Já parou para pensar nessas questões?Elas podem mudar seu presente e futuro...

sábado, 19 de março de 2011

Loucura, fraqueza e escândalo. São essas três palavras que Paulo, o apóstolo, resume e distingue o Deus do Cristianismo em oposição a sabedoria grega e aos sinais judaicos. Loucura: Porque é o único Deus que ama pecadores; fraqueza: porque através dela derrotou os maiores inimigos da humanidade:A MORTE E O INFERNO. E escândalo:porque em toda história é o Único Deus que morre pela própria criação.

quinta-feira, 17 de março de 2011

A verdade

A verdade é direta, sem fantasia e sem enredo... Por isso assusta tanto as pessoas. Já a mentira é cheia de glamour, seu enredo é bonito e sua fantasia a mais bela. Com isso quem fala a verdade é preterido, mas quem usa a mentira é privilegiado.