VIDA COM GRAÇA

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

QUEM SOU EU QUANDO NINGUÉM ESTÁ OLHANDO OU QUANDO TODOS ESTÃO OLHANDO?
Parto de três premissas básicas:
“Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo.”  Sigmund Freud
“Geralmente suspeitamos dos demais o que sentimos em nós.” Santo Agostinho
"Não há nenhum justo, nem um sequer” Apóstolo Paulo
Ontem passei alguns minutos conversando com um colega de trabalho sobre as eleições e sobre a disputa do segundo turno em nossa cidade. Ele, muito inteligente, fez um cenário perfeito dos candidatos.
Chegando em casa, comecei a refletir sobre o assunto fiquei me questionando sobre quem eu sou, e como sou de fato. Depois de analisar, percebi o quanto não deveria falar de ninguém - inclusive sobre os políticos, por mais que mereçam – mas mesmo assim ainda falo.
A questão não é de uma pessoa, mas de um todo, que se defere do macro para o micro e vice-versa, tanto é que imaginei a situação nas repartições públicas, ou até mesmo nas privadas: quantos de fato cumprem seus horários? Quantos não tentam de alguma forma levar vantagem (nos relacionamentos, no trabalho, nas filas, nos pedidos de favores e etc...)? Acredito que muita gente, inclusive eu. Porém, o que é mais fácil? Combater no outro e, em especial no político, que é um pouco de cada ser humano: uns mais honestos e outros mais corruptos. Não se deve questionar ou julgar? Sim, claro; mas não esquecer-se de que também faz parte desse montante, seja micro ou macro.
Ainda percebo mais: que me sinto melhor que o outro quando estou no trânsito e lanço alguns desaforos no motorista da frente, ou até mesmo do lado, julgando que dirijo melhor que ele. Portanto, a verdade é, que em algum momento cometo erros iguais ou piores – seja por displicência, seja por imprudência, seja por incompetência ou por outra razão. Esse é o Nosso Mundo, onde o estranho é outro.
Com isso, não sei se é a idade ou a maturidade, vejo que não tenho mais a ilusão política de ser de esquerda ou direita, ainda que tenha uma maior simpatia pelas questões esquerdistas. E hoje, não tenho o sonho de ver algum político dando resultado de melhoria, ainda que possa acontecer por um milagre da Graça de Deus, mas continuo acreditando na consciência individual de cada ser que olha mais para si e tenta ressignificar seus valores para uma construção melhor – tanto individualmente, quanto coletivamente.

Que Deus, como sempre, tenha misericórdia de nós! 

segunda-feira, 2 de maio de 2016

CONSOLADOR OU ACUSADOR?
Παρκλητος (παρα - καλω) = defensor, advogado, consolador, intercessor, paracleto (Isidro Pereira, S.J.)
                “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.”
João 14:26
Na minha criação religiosa (Batista) fui ensinado que o Espírito Santo vinha falar na nossa mente quando errava. Não sei baseado em que, mas foi assim que aprendi... Então, todas as vezes que fazia alguma coisa, que caracterizava um “erro religioso”, vinha àquela acusação na minha mente do que tinha feito e me gerando uma culpa enorme. Quantas vezes eu ficava bem pra baixo e até chorava sozinho. Lembrava-se do ato cometido e me purgava com pensamentos deprimentes e com aquela sensação de ser o pior ser do Universo.
Vivi grande parte da minha vida com esse ciclo de terror psicológico: gerado pela minha criação e, consequentemente favorecendo o meu Superego. Com isso, em vez de Consolador, achava que o Espírito Santo era o Acusador, e o tornava assim. Mas, com a compreensão da vida, minha análise e do Evangelho, descobri que estava errado em relação ao Espírito: quem me acusava era eu mesmo. Só assim, pude descobrir a verdadeira função que o Espírito de Deus realizava em minha vida:
“E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas [...]” Romanos 8:26
Ou seja: quando fiz valer o verdadeiro sentido Dele em minha vida, percebia o consolo e o refrigério por saber que: quem não se contentava em errar era eu mesmo, querendo ser um ser melhor do que era. O Espírito vinha e vem como um Consolador e me dá esperança de saber que: eu sou eu, e não preciso me comparar a ninguém; onde o Pai me aceita tal qual eu sou, não preciso de remendo e nem de maquiagem espiritual pra viver: vivo nu.
Bem... Não sei de onde tiraram essa crendice... Mas, se foi do texto: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (João 16:8); não leram o contexto, que está muito bem explicado.

O que deixo aqui? A leveza de se permitirem ser consolados por quem de fato o faz, e não condenados. Quem condena? Minha mente, com questões legalistas e diabólicas. Isso mesmo! O diabólico sou eu em querer uma perfeição que não existe em mim. Por outro lado: quem me consola? O Espírito do Senhor. Esse me faz descansar na minha alma e com seu Amor vai me constrangendo e eu vou mudando em resposta a esse Amor. 

domingo, 27 de março de 2016

Decisão

O caminho mais difícil de se trilhar é o da decisão, onde não há conchavos, não há conivência... 
Não há amigos por perto, onde Deus o acompanha, mas se cala... Onde a alma se aflige... 
Onde as certezas tornam-se dúvidas, onde os absolutismos são relativizados... 
Onde você se perde e se encontra ao mesmo tempo... 
Onde se torna refém da preocupação, mas se liberta...
Porém é esse caminho que o torna alguém, onde você é você! 
Onde se começa a viver com poder de decisão, onde você se encontra com você, para alguns este caminho é utopia, para outros é a conquista!

terça-feira, 8 de março de 2016

CRISTO NÃO BASTA! (?)



Hoje abri o Facebook e vi um cartaz de uma obra teológica que dizia: a obra de teologia bíblica que faltava. 
Pensei: realmente, nas vitrines eclesiásticas e teológicas, Cristo não basta! Está sempre faltando alguma coisa pra completar. Não sei se é um anúncio apelativo, maldoso, ingênuo, “mafioso”... E por aí vai. Será que Cristo não basta? Será que tem alguma outra maneira a ser estudada pra que se entenda o Evangelho?
Acredito piamente, que não. E aí poderiam me perguntar: por que estudou e lecionou teologia? Porque acreditei no que ensinaram e na caminhada, não teológica, mas da vida, encontrei o Caminho, não por vias eclesiásticas, mas por quedas e decepções. Depois de encontrar o Caminho, percebi que Ele era a Theo-Lógos, sem precisar de acréscimo, pois revelando-Se disse:
“Eu sou o CAMINHO, e a verdade e a vida; ninguém VEM ao Pai, senão por mim. (João 14:6)”
"Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. NINGUÉM conhece o Filho a não ser o Pai, e NINGUÉM conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar. Mateus11:27
“Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido.” João 1:18
“Além disso, o Pai a ninguém julga, mas confiou TODO julgamento ao Filho, João 5:22.... MAS QUANTAS VEZES JULGARAM EM NOME DE DEUS?
Diante disso, faço mais um recorte, de propósito, que não altera o sentido do texto, assim como os que citei acima não alteram, e poderia citar outros mais, mas esses bastam e confirmam o que está abaixo:
“Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele como ele os ensinou.
1 João 2:27
Onde está o problema? Está nas tentativas de explicar Deus por vias filosóficas, sejam elas “platonistas” ou “aristotélicas”, onde quiseram fazer de Deus um ser previsível, tal qual toda ciência da Idade Moderna e, talvez, o golpe fatal na ciência foi o surgimento da Psicologia (não a comportamental), em especial a Psicanálise, que fala do perverso polimorfo, ou seja, um ser que “transcende” a previsibilidade. Diante disso, o que posso falar de Deus? Somente o que Jesus falou, o resto é conjecturar o Absoluto Imprevisível. 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A DECADÊNCIA HUMANA E A PRESENÇA DE DEUS
Quando leio a carta de Paulo aos Romanos, percebo que há muita semelhança, em especial no capítulo primeiro, com o que Freud escreveu no seu livro “O Mal Estar na Civilização”. Tanto Paulo quanto Freud, em momentos distintos, fizeram a leitura do cenário de suas épocas e perceberam o quanto o ser humano usa de sua sabedoria para sua própria degradação. Que ser humano é esse? É o mesmo de hoje. Esse que caminha para o seu precipício existencial.
                O caminho traçado pelo homem, por estar entregue a si mesmo, foi como uma avalanche de destruição e malefícios, e não precisamos ir muito distante para perceber isso: a destruição provocada pela mineradora Samarco que o diga. E todas as vezes que acontece algo de devastador na história humana, Deus entra em questão. Deus entra e sai da História (essa feita pelos homens) sempre como um algoz ou insensível, por não cuidar das pessoas prejudicadas. Noutros casos, Ele entra como um Bom recompensador daqueles que estão atrás de Seus benefícios materiais. E aí, para quem conhece Deus a partir da visão do outro, fica difícil entender como pode ser tão ambíguo em certos momentos. E como Paulo bem afirmou já no seu tempo: “amantes de si mesmos”
                 Se perguntasse onde estão os amantes de si mesmos, diria que estão em todas as partes, em todos os lugares, até mesmo nos templos cultuando-se. E o pior: o que no texto bíblico está na conta deles – eles colocam na conta de Deus. Se ler Freud e Paulo...  Os dois são categóricos em dizer na conta quem estão as tragédias, mas a leitura alienante de hoje transfere pra Deus o mal estar da civilização.  Logo, a sabedoria humana tornou-se uma boa fonte de alienação e de manipulação de informações sobre o homem e sobre Deus. Diante disso, fica fácil colocar Deus no banco dos réus e salvar o homem de toda a injustiça.
                E se alguém desejasse encontrar Deus nesse mundo louco? Paulo dá uma dica tão primata:
“Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas [...]” (Romanos 1:20)
                O próprio Jesus responde essa pergunta a uma mulher que procurava Deus através da religião:
“Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade". (João 4:24)
                As Escrituras reafirmam tudo o que foi dito acima por outros personagens que entenderam o sentido do Evangelho e a manifestação graciosa de Deus entre os homens – Jesus:
"Todavia, o Altíssimo não habita em casas feitas por homens. Como diz o profeta:
‘O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés. Que espécie de casa vocês me edificarão? diz o Senhor, ou onde seria meu lugar de descanso?” (Atos 7:48,49)
"O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas.” (Atos 17:24)
               
                Portanto, fica muito claro (pelo menos para mim), que tanto o ateu como o homem inspirado por Deus, dizem a mesma coisa sobre o homem - sendo que um nega a Deus e outro diz que Deus os entregou a si mesmo - tornando o ser humano refém de si próprio, tanto na sabedoria humana para o bem, como para o mal.... E para quem busca a Deus com sinceridade, fica a dica das Escrituras e de pessoas que estavam lutando contra o sistema religioso de sua época, e aqui em especial três: Jesus, Estevão e Paulo.

                 Deus poderia estar nos templos? Sim, mas não está refém do lugar. Lá não é a sua habitação de fato. O lugar é o que menos importa, pois DEUS está onde tem VERDADE - de alma, de vida e de atitude. Porém, Suas manifestações são exaladas onde existem pessoas que façam o bem sem olhar a quem, e por tudo que é criado por Ele, não está restrito a algo, lugar, livros... Ele é, e sendo, está invisivelmente visível em todo lugar, em todas raças, tribos e nações.... E se alguém quiser tocá-lo, deixe-se ser tocado por gente, pois é quando a Palavra torna-se carne, que Deus se torna HUMANO. 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Essência e aparência são inversamente proporcionais, pois um fala do corpo (moral) e o outro fala da alma (imoral), ou seja, não se agrada a ambos. São desejos diferentes e recompensas diferentes... A essência trilha o caminho da vergonha, desprezo, humilhação ou coisa semelhante, já a aparência da glória, exaltação e poder. Não existe um equilíbrio visível, e digo isso por força das palavras de Jesus. A relação está para Verdade e Hipocrisia, são antagônicas. Quem se preocupa com uma escorrega na outra.

sábado, 19 de setembro de 2015

Por mais “Rabinos” e menos “Sacerdotes”

Por mais “Rabinos” e menos “Sacerdotes”


O escritor da carta aos Hebreus reconhece que Jesus é um (sumo) sacerdote de uma ordem “ilegal” - a de Melquisedeque e, não da legitimada pela Lei (Levita), ou seja, estava fora dos padrões religiosos de sua época.
Jesus não foi reconhecido como alguém dentro do padrão legal, mas fora... Afinal, era reconhecido como um Rabino, que apesar de não ser “legal”, era uma fonte de sabedoria para a vida... Não era visto como Sacerdote, mas como Rabino pelos religiosos e por todo povo... E a grande "crise" era por ter ensinos que tinham autoridade, mesmo não sendo uma "autoridade'.
Os livros de sabedoria da cultura judaica (Mishná e Talmud) foram inseridos por eles e ganharam prestígio, pois “qualquer judeu pode casar, enterrar ou abençoar sem a necessidade de uma autoridade”. Com o tempo o ofício do sacerdote, que era o visto legalmente, caiu em desuso.
Então, por que a Igreja Romana e depois a Protestante resgataram isso? E aqui não falo como funções, e sim como autoridades (como ofícios religiosos)...
Será que não seria um retrocesso? Por que em vez de “sacerdotes”(autoridade eclesiástica) no meio “cristão” não se cultiva o hábito de ter “rabinos”? Pois, estes são os que dão “vida” ao Livro, de uma forma equilibrada e prática, sem fazer com que a Lei seja fria e calculista... E se forem “rabinos” da Nova Aliança... Vão fazer o povo pensar e sair dos casulos religiosos... Vão dar “vida”a Vida.
Será que o modelo não alimenta um sistema corrupto e cheio de maldade pra continuar oprimindo o povo? É este mesmo sistema que será destruído (Apocalipse 18), pois nele não subsiste o Teor da Graça e nem do Evangelho, nele estão os interesses comerciais e egoístas... “Os rabinos” não se alimentam do sistema... Eles só conservam a fé do povo e resgata a essência da simplicidade da relação com Deus.
Lembrando que, sei perfeitamente do texto de Pedro, e acredito nele de que somos “sacerdócio real”(1 Pe. 2:9). E digo mais, a questão é fazer valer justamente esse texto, respeitando as funções do “Corpo”, apenas como ofício e não como autoridade, e o resgate do Rabinato entre os ditos “cristãos” é pra trazer luz, tanto a este texto, como a vários outros.
Em suma, menos autoridades religiosas e mais pensadores e mestres para a Vida.