VIDA COM GRAÇA

sábado, 28 de agosto de 2010

O DESAFIO DA FÉ

O Desafio da fé PDF Imprimir E-mail

(Hebreus 11.8-19)

Introdução

Regis Debray dividiu a história em três fases: ·

* LOGO-ESFERA – homens que eram influenciados pelo que se falava de Deus;

* GRAFO-ESFERA – homens que eram influenciados pelo que era escrito (a influência da ESCRITA);
* VÍDEO-ESFERA – homens que são influenciados pelo o que se vê.


Diante disso, vejo um problema: as influências que vão proporcionar mudanças na vida do cidadão são aquelas que são vistas. E como o meu desafio é falar sobre FÉ, vou me aventurar a descrever três disfunções de fé que encontro em nossos dias:

1ª disfunção: FÉ CONFUNDIDA COM O PENSAMENTO POSITIVO;

2ª disfunção: FÉ COMO FILOSOFIA “GOSPEL”;

3ª disfunção: FÉ QUE TEM COMO O OBJETO A OBEDIÊNCIA EM TROCA DE FAVORES DIVINOS.

Não me parece ser nenhuma destas a fé que a Bíblia me ensina. A fé bíblica é a da peregrinação, ou seja, andar por caminhos que eu desconheço e nunca vivi. O início do capitulo 11 de Hebreus é a declaração mais citada sobre fé entre os evangélicos: “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.”

A FÉ nos desafia a consolidar três fundamentos essenciais para a vida:

I - A NOSSA IDENTIDADE: PEREGRINOS.

A visão nossa de peregrinação deve ser baseada numa ação de Deus em todo tempo e em todos os lugares. Eu entendo que sou peregrino quando me disponho a andar com Deus como Abraão e os heróis da fé.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman usa a imagem do turista para representar um comportamento bastante comum nos dias de hoje.

a) Turista é aquele indivíduo que visita muitos lugares, mas não pertence a nenhum deles. Às vezes, fica extasiado com aquilo que vê; em outras ocasiões, o desdenha por ter em sua mente um grande quadro comparativo de lugares e situações. Seja qual for seu sentimento, não pretende se comprometer com nada à sua volta. Afinal, está apenas de passagem. Sua maior motivação está vinculada à descoberta de novos lugares, à vivência de novas experiências.

Por outro lado, Bauman apresenta a imagem do peregrino. O peregrino é uma espécie em extinção em nossa cultura contemporânea. Diferentemente do turista, ele não está envolvido numa aventura de entretenimento, mas numa jornada que tem um início, um meio e um fim. Algo o moveu a iniciar a jornada, e ele percebe que, ao longo dela, existe uma missão a ser vivenciada – e a realidade última se encontra no fim da caminhada. Tudo o que presencia ao longo do caminho são pontos de referência de grande importância e, portanto, tratados com grande reverência por parte do peregrino.

b) Enquanto turistas estão comprometidos apenas com o próprio prazer e seu insaciável desejo por entretenimento, peregrinos estão comprometidos com uma jornada na qual possuem uma vocação a ser exercida ao longo do caminho.

c) Enquanto turistas consomem lugares e atrações como fins em si mesmos, peregrinos estabelecem relacionamentos, caminhando com reverência e integrando as experiências – e as pessoas que encontra – na construção da própria maturidade.

d) Turistas estabelecem relacionamentos frágeis e descartáveis; peregrinos descobrem, especialmente na vivência com aqueles com quem caminham lado a lado na jornada, uma grande fonte de consolo, confronto, encorajamento e sabedoria.

e) Turistas, de forma geral, não possuem qualquer compromisso para com o mundo à sua volta. Afinal, pensam, estão apenas de passagem, e importa apenas aproveitar o momento, antes de seguir viagem. Já peregrinos estão numa jornada que os faz o próximo daquele que está à beira do caminho, tal como o samaritano da parábola. Eles querem ser luz e sal, sentem o chamado para influenciar os outros com sua ação e testemunho.



II – A NOSSA AGENDA: O REINO DE DEUS.

A agenda do peregrino é a do Reino que nos possibilita encontrar sempre uma oportunidade de enxergar o próximo “próximo”.



III – A NOSSA MOTIVAÇÃO: O SORRISO DE DEUS (v.16).

“Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, e lhes preparou uma cidade.”

Quero deixar claro que aqui não tem a ver com conduta, mas sim com FÉ.

A verdade que na galeria da fé não existe um relato de “conduta-moral-religiosa-politicamente-perfeita”. Existem nomes de peregrinos como Abraão (Deus sorriu na entrega do filho...), Raabe (Deus sorriu na escolha de servir os espias), Sansão, Moisés... Homens e mulheres que acreditaram no desafio de Deus para suas vidas e aceitaram.

Se você pensa que vai fazer Deus sorrir com sua a justiça própria está equivocado, mas se você crer que fará Deus sorrir com sua fé acertou.

O desafio da peregrinação é calcado na aceitação e reconhecer que Deus pode e deve ser o único que pode guiar o caminho do peregrino.

ILUSTRAÇÃO: a família de missionários que chegou de viagem depois de anos se dedicando ao trabalho de missões.

O desafio da fé nos leva a ter a identidade de peregrino, a agenda do Reino e a alegria de vencer as barreiras pela fé.

Existem obstáculos que podemos tirar sozinhos, estes são os nossos desafios de vida, e outros que somente Deus pode tirar, este é o desafio da fé.

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