VIDA COM GRAÇA

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


FORA DA LEI
               Quer queira, quer não, existe uma influência muito forte no Brasil de uma catequização jesuíta em todo o processo cultural, ainda que hoje existam várias religiões, mas é predominante o conceito religioso judaico-cristão, em todo eixo populacional, excluindo alguns poucos imigrantes com seus costumes.
 Envolvidos por esta tradição cultural é muito comum ouvir declarações de boa conduta, tais como: eu não fumo; eu não bebo; nunca matei ninguém; nunca fraudei; nunca adulterei; nunca fiz “mal” a ninguém... E, por aí vai. Mas, o que é bom lembrar, que não é de hoje, que mesmo em tempos remotos, já havia princípios legais para que uma cultura sobrevivesse e, só existe sociedade, se existir princípios de conduta ou uma “lei”, para que haja preservação de alguns direitos. O que penso com isso? É que o individuo que se orgulha de tais expressões aqui ditas como atos de uma conduta boa, é fruto de uma sociedade e de uma cultura que assim o fizeram acreditar. Logo, não deveria se orgulhar, e por quê? Porque se não houvesse uma lei ou princípios de conduta, nasceríamos todos num contexto de “animal” e estaríamos sujeitos a fazer atos bárbaros. Pensando dessa forma numa lógica bem razoável, esta bondade orgulhosa é fruto de uma educação cultural, donde é plausível pensar que se este ser humano já tivesse uma conduta irrepreensível, não precisaria de uma lei para domá-lo ou coibi-lo, mas é a educação que o faz um ser social ou não. Destarte, somos frutos de uma “ordem e/ou poder”, que tenta trazer um controle num imaginário coletivo e, foi justamente o que disse Foucault em Vigiar e Punir.  
               Dito isso, volto em algo muito interessante a respeito da cristandade, que é o conceito de conscientização e não de obediência. Foi justamente isto que Jesus propagou como sendo o Seu Evangelho.
 Um bom exemplo de conscientização é o tema apresentado pela lei mosaica, tratando de homicídio. O que faz Jesus? Fala do texto e traz uma releitura dizendo o seguinte:
 “Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: "Racá", será levado ao tribunal. E qualquer que disser: "Louco!", corre o risco de ir para o fogo do inferno.”(Mateus 5:22).

Ele, diante de uma LEI mosaica em vigor, usa uma palavra aramaica (REIQAH=vazio, idiota, imprestável) para elucidar que homicida não é somente quem mata, mas quem desconsidera o outro como gente.

               E aí volto para os nossos dias, e vejo pessoas se orgulhando por uma tradição religiosa, ou dizendo que “nunca” fiz isso ou aquilo, que é boazinha, que “serve” a Deus, que vai para o céu. Este é um discurso meramente religioso e vazio, sem dar conta do que o que foi ensinado por Cristo, ou seja, que o está escrito vai muito além do discurso repetido. Daí, não é de se admirar que exista um hiato muito grande entre o discurso e a prática. E com isso, vem a tônica do Evangelho que “não há um justo sequer”.  Todos estão fora da lei. Todos precisam de Graça. Todos precisam de um Salvador. Todos precisam se humilhar e vez de se orgulhar em seus méritos. Todos precisam olhar para a dádiva da Cruz. E quando pensar em se orgulhar, orgulhe-se nas suas fraquezas, pois estas revelam a natureza humana decaída. São estas que mostram para toda humanidade que existe a necessidade de um Mediador, não da parte do homem, mas vindo-sendo de Deus, que é Jesus. 
Portanto, enquanto a consciência do Evangelho não chegar de fato no coração, o povo continuará “honrando com os lábios, mas o coração estará distante de Deus”. Misericórdia! Para que a essência do Evangelho chegue em nossas mentes e renove o  nosso entendimento a cada dia.

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